Terça-feira, 14 de Novembro de 2006
Venho aqui lavrar um protesto. Queria ter mais tempo para fazer mais coisas. Queria poder fazer mais coisas. Queria ter oportunidade de viver esta mesma vida de modos diferentes, com pessoas diferentes e com cada uma dessas pessoas de maneiras diferentes. Pronto. É só isso. Queria, queria, queria. Isto, aquilo e aqueloutro. Mas como ouvi um dia algures, temos que viver com aquilo que temos o melhor que sabemos.
música: Non c'e - Laura Pausini
sinto-me: a querer coisas a mais...
Segunda-feira, 13 de Novembro de 2006
Uma pérola no meio da excitação e da correria que marca o crescimento da internet, das tecnologias e da vida em geral: um site que apregoa e faz a apologia dos homens aborrecidos.
"A place -- in cyberspace -- where Dull Men can share thoughts and experiences, free from pressures to be in and trendy, free instead to enjoy the simple, ordinary things of everyday life""This web site contains no violence or scary scenes""Many of one's frustrations -- and many of the world's problems -- are caused by the pursuit of excitement. This is a two-step program: (1) we admit we are Dull (2) we're going to keep it that way."
Quando abri a página, pensei que até o site é aborrecido, sem nenhum design espectacular ou atractivo, todo ele em tons de cinzento. Apesar disso, existem alguns membros mais radicais que acham que, mesmo assim, são muitas cores para nada, devia ser apenas a preto e branco. Mas estas pessoas são tão atenciosas que até pensam nestes leitores e fazem recomendações:
"To readers who object to our using colors on this website, who feel the colors are too exciting, that the site should be simply in black-and-white (with perhaps a few touches of gray) we offer our sincere (Dull Men are always sincere) apologies. To these readers, we offer this suggestion: print our the pages using a black-and-white printer."
Dúvida existencial: as pessoas que dedicam parte do seu tempo a gerir um site destes ou a partilhar os seus momentos simples ou aborrecidos da vida poderão ser consideradas chatas e aborrecidas?
Domingo, 12 de Novembro de 2006
Nem todos podem ter queda para a matemática, mas estes dois espalharam-se em grande.
O que vale é que não perderam a sua criatividade, por isso pode ser que se tornem os artistas do futuro.
Gostava só de deixar um concelho, deixem as contas para outra pessoa...
sinto-me: parece que é verão
música: O meu Safecast
Sexta-feira, 10 de Novembro de 2006
Por isso um dia destes vai comprar estes dois...
sinto-me: Unlocking books of secrets
música: Pink Panther Theme
Quinta-feira, 9 de Novembro de 2006
Ontem graças ao vmlf2 comemorar o seu aniversário, depois de 2 dias de molho em casa graças ao “camarão”, tive um jantar dos mais simpáticos de sempre. Fomos a um Italiano no BR. Um verdadeiro luxo. Desde o carpaccio á 4 fromaggio, passando pela conversa já não falando na companhia... a refeição terminou com um tiramisú decorado em jeito de bolo de aniversário... o serão terminou com um agradável passeio pelo BR fora... tudo isto também na companhia do R. E foi tão bom ver como são ambos de facto muito amigos. Viva a existência das verdadeiras amizades.
sinto-me: JÁ COM A ESCRITA EM DIA
música: "PARABÉNS A VOCÊ"
Quarta-feira, 8 de Novembro de 2006
A minha música favorita neste momento, e na versão original - apesar de um bocado cacofonica com tanta gente em palco.
música: Derek and the Dominoes - Layla
"A matemática, com todo o seu rigor e as suas leis, não deixa de ser uma ciência e como tal, uma aproximação da realidade. De tal forma, que neste paradigma de racionalidade, temos números irracionais e até números imaginários."
Vitor Fernandes, 08 de Novembro de 2006
Tudo o que constitui a nossa existência pode ser estudado pelo prisma da ciência, no sentido em que se busca uma explicação cada vez mais apurada para os fenómenos analisados. Não quer dizer que se produza logo uma explicação final, mas o importante é caminhar o caminho. Triste é quando são os próprios cientistas que por vezes se esquecem de que não há leis fixas e imutáveis.
sinto-me: Uma criança
música: António Variações - Canção de Engate
Terça-feira, 7 de Novembro de 2006
"To infinity, and beyond!"
Buzz Lightyear
Há um lugar particular que me fascina: o encontro entre a terra e o mar. E não tem nada a ver com praia, sol, areia, mulheres, diversão, etc. Tem a ver com olhar para o horizonte e não ver nada para além da água a juntar-se ao céu.
Todos os dias vivo a minha vida nesta imensidão que é a terra firme, ando e conduzo quilómetros, e não estranho a sua dimensão. E no entanto, assim que olho para o oceano, a sua vastidão consegue surpreender-me logo. Eu, que não sei nadar, não me imagino a afastar da terra mais que uns metros, quanto mais ir até ao fim e descobrir o que existe para além daquilo que conseguimos ver.
Contudo, houve na história pessoas que o fizeram, que se deixaram ir pela sua curiosidade de saber o que existe para além do conhecido. E fizeram-no sem saber se encontravam alguma coisa. Aposto que o primeiro teve que voltar para trás mais cedo do que pensava, calculou mal o tempo que demoraria a viagem, e sem mantimentos para continuar resignou-se e deu meia volta, sem nada para mostrar.
Mas não desistiram, e cada vez foram mais longe. Uma eterna busca para desvendar o desconhecido.
Também na nossa vida impera o desconhecido, e também nela todos os dias lutamos contra ele. Arriscamos para aumentar o nosso conhecimento, para experimentarmos coisas novas, para fazermos novas descobertas. Felizmente que o engenho humano inventou a comunicação, a transmissão do conhecimento, senão seria bonito. E no entanto, muitas vezes não há nada como descobrirmos por nós próprios, mesmo que seja uma coisa que os outros já nos tenham falado.
O medo actua aqui como um guia, que nos diz o que podemos e não podemos fazer. Mas por vezes, o medo que sentimos tem razões irracionais, simples mentiras que fomos ouvindo e registando, dogmas antigos que já não fazem sentido, regras entretanto alteradas por se ter descoberto uma melhor, o que nos leva a dizer à partida que não somos capazes, mesmo sem analisar bem o desafio.
Por isso lembrem-se, da próxima vez que pensarem que não são capazes, pensem mais um bocado nas razões por detrás dessa conclusão e não se esqueçam: Para o infinito, e mais além!
sinto-me: preparado para os 30!?!
música: Mão Morta - Vénus em Chamas
Quem metesse a chave á porta e se deparasse com o cenário da minha casa esta madrugada pensaria:
OH! Que cinderela/gata borralheira/”bela” adormecida tão querida, esforçada e trabalhadeira!
Dormindo suavemente de tanta exaustão ali mesmo no sofá com a sua gatinha enroscada nela ronronando.
Alguns DVD’s no outro sofá (não deve ter tido forças para acabar de arrumar); junto a um alguidarinho de limpezas ou de lavar peças de roupa especiais (tipo lingerie ou angorás).
A caneca de chá em cima da mesa ainda por beber.
A cama feita, a cozinha arrumada inclusive a loiça do jantar e tudo e tudo...
Mas NÃO! Foi um cinderelo! Eu explico.
Cheguei a casa do escritório, afogueada, frenética, dei um jeito ao caos em que estava a sala, falei ao telefone apressadamente com amigos, familiares e afins, tomei um duche, vesti uma roupa informal mas confortável.
Então chega o cinderelo com o jantar “chinês”.
Apenas tenho que me sentar em frente á TV e á comidinha.
O filme a visionar do tal monte de DVD’s (propriedade do cinderelo) já estava seleccionado, e aqui vamos nós preparados para um serão espectacular.
Quando ás páginas tantas acontece o quê?
Pois um camarão do chinês estragado!
E vai de ficar branca, vermelha, roxa e vomitar até mais não.
É aí que o cinderelo se revela como tal.
Ajuda a menina a vomitar, traz o alguidarinho para o caso de ela não conseguir chegar a tempo ao W.C. (o que aconteceu).
Faz um chá, lava a loiça do jantar, lava o alguidarinho, provavelmente arrumou o resto da casa.
Depois de se assegurar que estou finalmente bem, pergunta:
- Queres que fique aqui durante a noite no caso de ser preciso?
Como já sinto que não, respondo que não é necessário.
Conclusão: camarão estragado, serão estragado. (belo provérbio)
Mas não tenho dúvidas que queriam e invejam um amigo cinderelo como o meu. Certo?
música: Tribalistas- Velha Infância
sinto-me: lucky
Segunda-feira, 6 de Novembro de 2006
"Apaixonamo-nos por quem vive perto de nós, mas quem sabe se a nossa alma gémea não está do outro lado do mundo."Entrevista com Romana Petri, 2006/11/03, 6ª, Diário de NoticiasPensem lá mais um bocadinho, dêem lá mais uma volta ao mundo dos pensamentos, eu espero, não há pressa...
Já está?
Confusos?
Também eu. Esta sabedoria de bolso é tão simples que chega a ser desarmante. E tudo por causa das coincidências, essas safadas. É que vamos a ver e as coincidências acontecem apenas porque a nossa mente está para ai virada, porque estamos mais atentos. Eu explico. Eu li isto hoje de manhã, no suplemento do DN, mas não sei o que me levou a ler uma entrevista com uma escritora que eu não conheço nem nunca ouvi falar. Terá sido do titulo - "O escritor acha-se um Deus"?... não sei.
O que eu sei é que ontem dei por mim a pensar nesta temática enquanto estava na fila do supermercado. São os momentos de aborrecimento que fazem a minha mente viajar. Os minutos de espera com tanto para olhar à nossa volta, mas nada para ver. Mas eu vi qualquer coisa. Vi as pessoas à espera, a caminharem de um lado para o outro, famílias inteiras, com crianças, sem crianças, sozinhos, alegres, tristes, indiferentes, há de tudo. Foi então que surgiu na minha mente -
será o amor uma coisa rara?Se reparar-mos bem, não deve ser. Eu acho que não é. Afinal são corredores e corredores de pessoas com aspecto feliz, com as suas caras metades ao seu lado. Até os cientistas aceitam a possibilidade de vida extra-terrestre e as probabilidades de isso existir são bem mais baixas do que o amor. Pelo menos, do amor já temos provas. De vida extra-terrestre ainda estamos à procura.
Não quero com isto dizer que todos os amores sejam compostos por almas gémeas, mas também, assim como não somos todos génios, os amores também não serão todos perfeitos. Qual será o limite para considerar um amor satisfatório? Quero dizer, se isto fosse um exame de 0 a 20, o que é que nós consideraria-mos bom? A escala universitária diz-nos que 15 já é bom. Ora de 15 a 20 ainda vão muitos valores pelo meio. Os suficientes para haver no mundo muita gente feliz e algumas almas gémeas para cada um de nós. Para já não falar nos aceitáveis 10 a 14.
Não podemos abandonar o amor senão corremos o risco de nos abandonarmos a nós próprios. Dizendo de outra forma: no mínimo temos que gostar de nós próprios, isso já nos dá para passarmos no exame.
Portanto, temos que nos propor às provas. E depois, ou aceitamos a nota que temos - conformarmos-nos nunca, não dá bom resultado - ou estudamos mais e tentamos outra vez. Uma melhoria de nota. No mesmo curso ou noutro curso diferente.
Parece que ontem tivemos o primeiro visitante fora do nosso triângulo. E pasmem-se, veio cá parar através da página dos destaques dos blogs do Sapo. É provável que tenha sido da lista das últimas actualizações e não dos destaques à séria
Pena que não tenha reparado antes, porque agora a página já mudou e nós já lá não estamos, por isso este registo das estatisticas é a única prova existente:
Só não acho que o tempo de permanência seja um bom prenuncio - 0 segundos... será que o assustámos?
música: Acorda! – Nova Música Portuguesa em MP3
Eu e o R fizemo-nos á estrada determinados para uma missão impossível que era comprar um presente para o V. Eu do género Uma Thurman em Kill Bill (1 ou 2, tanto faz) e o R bem mais calmo tipo ele próprio. Já tinhamos visto a coisa dias atrás numa montra. Coisa que não posso revelar por ora, por motivos óbvios. Chegamos ao local e dissemos: - Queriamos aquilo que ali está para oferecer, por favor. Agora pasmem-se. Depois dos empregados vasculharem a loja toda a resposta foi: - Pois aquilo não pode ser, pois o que está na montra é único, e por causa do vitrinista e do dono da loja e disto e daquilo e mais não sei quê... não podemos tirar aquilo de lá. Mas nós queriamos era aquilo e não um substituto. O R, mal convencido mas já a resignar-se, lá ía vendo outras opções. Quando acontece o quê? Passa-me uma coisa má pela cabeça e digo: - E se entrasse aqui uma louca, arrancasse aquilo da montra? Aí já vendiam não era? Enquanto dizia isto já corria completamente maluca direita á coisa e pasmem-se outra vez vim ter quer com o R quer com os empregados incrédulos, com a coisa na mão. Levei um raspanete dos tais empregados, raspanete que ignorei completamente, o R pediu muitas desculpas e prometeu a si próprio que nunca mais me trazia à rua... mas vitória vitória... compramos a coisa! Depois desta adrenalina toda, com o R todo abananado, ainda consegui convencê-lo a comprarmos para ambos o Medeia Card, jantarmos um hamburguer no “Movies” e pasmem-se mais uma vez, arrastá-lo à sessão das 21 para ver que filme? O “Marie Antoinette”! Convencidos agora que eu estava mesmo do género Uma Thurman em Kill Bill?
sinto-me: uma movie star
música: toda a banda sonora dos "kill bill"
Domingo, 5 de Novembro de 2006
Os tradutores portugueses são malucos. Não sei se lá fora é o mesmo. Ou então são todos malucos pelo mundo fora. Aproveitam-se do seu conhecimento para criarem verdadeiras obras de arte a partir das reais obras de arte que são o objecto da sua tradução.
O melhor exemplo que encontro disso são os títulos. Devem pensar que mais ninguém vai dar por ela e pelo caminho divertem-se a inventar novos nomes, a tal ponto que muitas vezes deixo de associar o nome ao objecto. Pelo nome traduzido podia estar 15 minutos a pensar que não reconhecia o filme, mas com o nome original em segundos vou lá.
Será que faz parte do curso base dos tradutores, ou existirá alguma pós-graduação de especialização em que o exame consiste em criar os nomes mais originais para uma lista de 10 títulos numa hora? Talvez tenham de passar por um desses cursos de escrita criativa... E uma passagem pelas Produções Fictícias deve fazer milagres pelo curriculum.
Exemplos:
- Beverly Hills Cop - O Caça Policias
- Con Air - Fortaleza Voadora
- Die Hard - Assalto ao Arranha-Céus
- Dirty Harry - A Fúria da Razão
- Galaxy Quest - Herois Fora de Órbita
- Good Will Hunting - O Bom Rebelde
- Groundhog Day - O Feitiço do Tempo
- Hot Shots - Ases Pelos Ares
- Karate Kid - Momento da Verdade
- Master and Commander - O Lado Longinquo do Mundo
- Message In A Bottle - As Palavras Que Nunca Te Direi
- Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos
- Must Love Dogs - Mulher Com Cão Procura Homem Com Coração
- Prime - Terapia do Amor
- Rat Race - Está Tudo Louco
- Ruthless People - Por Favor Matem a Minha Mulher
- Sister Act - Do Cabaret Para o Convento
- Sleepy Hollow - A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
- Snatch - Porcos e Diamantes
- The Limey - O Falcão Inglês
- The Naked Gun - Aonde É Que Pára a Policia
- The Nightmare Before Christmas - O Estranho Mundo de Jack
- The Sound of Music - Música no Coração
- Lost In Translation - O Amor é Um Lugar Estranho
- Under Siege - A Força em Alerta
- Vertigo - A Mulher que Viveu Duas Vezes
Como é que eles vão buscar estes nomes? Será que os tradutores dos títulos são obrigados a ver o filme todo para depois resumirem a sua essência no titulo traduzido? Já não basta traduzir os diálogos, também tem que prestar atenção ao significado e enredo do filme? E um filme, menos mau - uma hora e meia, duas horas, alguns piores duram várias horas. Já um livro... é que um livro ainda dura umas horas, uns dias a ler. Não acho que seja economicamente viável pagar pela tradução dos títulos. Às tantas mais vale deixar o titulo original.
Felizmente que ainda não fazem tradução dos CDs de música. Ora ai está um mercado por explorar...
PS 1: A lista dos filmes traduzidos foi feita depois de ter escrito o texto. Depois de ver a lista, acho que o problema inverso também acontece. Imaginem que não sabem o nome original do filme - também vão ter uma trabalheira a tentar explicar ao vosso interlocutor estrangeiro de que filme se trata...
PS 2: Obrigado Ana por teres acordado um dos monstros dentro de mim. Este blog era o empurrão que necessitava porque agora não consigo deixar de escrever. A partir deste momento somos sócios de escrita em partes iguais, 50/50. Não tenho mais dúvidas.
música: Isaac Hayes - Shaft
sinto-me: Porreiro, mas com sono
Sábado, 4 de Novembro de 2006
"Sempre que compomos música, fazemos um desenho ou escrevemos um poema, sempre que criamos alguma coisa, estamos a colori-la com aquilo que sentimos, e a construi-la com aquilo que pensamos. E quando partilhamos com os outros, uma parte de nós vai com aquela música, aquele desenho ou aquele poema. Mas é preciso trabalhar muito, não basta ter a ideia. É preciso saber desenvolver e elaborar, e o Mozart sabia fazer isso muito bem."
As estranhas cartas de um músico, Isabel Novais :: Maria Monteiro
Pequenas pérolas da Feira do Livro, por isso é que gosto de ir até ao pavilhão dos pequenos editores...
sinto-me: confuso, triste
"A MELHOR COISA QUE TENHO PARA OFERECER-TE É SEMPRE A VERDADE!"
(John Powell)
música: Marisa Monte - Panis Et Circenses
sinto-me: a precisar de um café
You can't manufacture a miracle
The silence was pitiful that day.
A love is getting too cynical
Passion's just physical these days
You analyse everyone you meet
But get no sign, love ain't kind
every night you admit defeat
and cry yourself blind.
The DJ said on the radio
Life should be stereo, each day
In the past you cast the unsuitable
Instead of some kind of beautiful, you just couldn't wait
All your friends think you're satisfied
But they can't see your soul no, no, no
Forgot the time feeling petrified, when they lived alone.
If you can't wake up in the morning
Cause your bed lies vacant at night
If you're lost, hurt, tired or lonely
Can't control it, try as you might
May you find that love that won't leave you
May you find it by the end of the day
You won't be lost, hurt, tired and lonely
Something beautiful will come your way.
(p.s.:não estão ordenados de propósito)
música: Robbie Williams - Something Beautiful
sinto-me: sleepy
Sexta-feira, 3 de Novembro de 2006
Quinta-feira, 2 de Novembro de 2006
Your Blog Should Be Blue |
Your blog is a peaceful, calming force in the blogosphere. You tend to avoid conflict - you're more likely to share than rant. From your social causes to cute pet photos, your life is a (mostly) open book. |
sinto-me: AZUL
Já há muito tempo que não lia um livro do Rui Zink. Gosto dele, ou melhor, da sua escrita. Isto porque para mim, tem um problema: não gosto de o ver na televisão, não gostei de o ver na Noite da má língua, não gosto das entrevistas que dá relacionadas com a Associação de Cidadãos Auto-mobilizados. Mas adoro os seus livros.
Estava com medo de começar a ler o livro, o estilo de escrita é muito particular, uma comédia da vida bastante negra e imagética, corrosiva. Não é para quando nos sentimos em baixo - senão corremos o risco de piorarmos, de só nos fixarmos no lado negro e de encararmos as suas figuras de estilo como factos, em vez de as tomarmos como um tempero, um exagero, um choque, um parar para pensar, uma forma de iluminação.
Boas noticias: a cada página que passa sinto mais vontade de continuar a ler. Estava com saudades sem o saber. E foi então que o poema surgiu, assim como não quer a coisa no meio do livro. Comecei a ler, mas o inconsciente foi mais forte do que eu - ao fim de duas páginas dei por mim a folhear até ao próximo conto.
Não gosto de poesia, não percebo poesia, não tenho paciência para poesia - isto claro são as racionalizações irracionais que se interiorizam ao longo da vida. Tão instalada está esta ideia, que a visualização da disposição gráfica do texto em verso me fez saltar o texto.
Felizmente ultimamente estou mais atento: como se pode ignorar um texto pelo simples facto da sua base de construção ser um poema? E só então reparei - os versos nem sequer rimam. Este poema não é um poema, mas mesmo assim não deixa de ser um poema. Que se lixe as ideias fixas, as nossas programações mentais. Até o método cientifico, esse criador de regras, tem um principio básico - uma teoria é apenas uma aproximação à realidade que terá que ser sempre posta à prova - quando os factos não se enquadram na teoria, há que procurar uma teoria alternativa melhor. Algumas pessoas é que por vezes se esquecem disto.
Posto isto, voltei atrás para ler o conto-poema - que se chama mesmo "O Poema". E que irónico é que o assunto textual seja o abandono da poesia, a relação do poema com o seu leitor, a indiferença a que cada vez mais está sujeito pelo público em geral. Dá que pensar, no meu caso particular pelo abandono a que o sujeitei no inicio, mas numa perspectiva mais geral, porque é uma relação que serve como metáfora para as relações humanas. Cá está o estilo Zink a funcionar.
Mas nem tudo são rosas, continuo a achar que não gosto de poesia. Mas gosto de sentir que de vez em quando sou capaz de arriscar e ler alguns, fazer esse esforço, pode ser que algo de bom saia daí, que se encontre uma pérola como este. E quem sabe um dia passo a gostar.
Peço desculpa pelo alongamento deste texto, mas é o que dá ter tempo livre sem nada para fazer. E lembrem-se, tem sempre a liberdade de escolha para passarem à frente se quiserem - só vos peço que reflictam sobre os motivos porque o fazem.
Aproveitando a dica do autor - "Não, não, vocês // podem mexer à vontade. // Vocês são os convidados e // às visitas permite-se tudo." - deixo-vos agora aqui alguns retalhos deste poema não poema:
Entrem, entrem, não façam cerimónia,
o poema gosta de ser visitado.
É muito triste, um poema sem ninguém
para o alegrar.
Um dos paradoxos da vida,
ter precisamente vindo parar a
um poema que não rima
Ficar abandonado, esquecido,
pode levar qualquer um à loucura.
Sim, até um poema.
Sim, não temos tido assim
muitas visitas ultimamente.
Só que uma pessoa não pode ser
sempre cínica.
Há que acreditar, há que ter esperança,
não é?
Foi para isso, de resto, que se fez o poema.
O poema é
O resto pouco importa.
O poema está contente de vos ter aqui.
Não tarda nada, vão senti-lo a ronronar,
juro.
Um poema, em última instância,
só tem necessidade de uma coisa -
- de nos fazer sentir alguma coisa,
não importa o quê.
Alguma coisa.
Sentir alguma coisa.
Perdidos andamos todos nós,
no espaço e no tempo,
em todas as estâncias e instâncias,
à procura de algo que faça sentido.
O poema tem prazer na vossa presença.
Pode também ficar susceptível, é um facto.
Quando sente que vai de novo ficar sozinho
pode reagir, reagir mal, rogar-nos pragas.
É também por isso que eu nunca o deixo.
Nem para ir comprar tabaco.
Não há razão para terem medo.
O poema só quer que se sintam como em casa.
E há sempre um gaiato ao qual podemos pedir
para nos ir buscar coisas à mercearia.
É que o poema pode muito bem
passar sem o mundo.
Mas
já imaginaram
o que seria do mundo
sem o poema?
O Poema
"A Palavra Mágica e outros contos", Rui Zink
música: Som ambiente - carros, chuva, ventoinha do computador, alma
sinto-me: feliz, tranquilo