Segunda-feira, 30 de Abril de 2007
Ia eu a caminho não de Viseu mas do café e quando dei por mim, o meu telemóvel estava farto de fazer um barulhinho.
Depois de investigar melhor, dei-me conta que fui o caminho todo a tirar fotografias sem querer - quinze ao todo.
O mais frustrante é que muitas delas são melhores do que as que eu tiro com preparação...
música: Mão Morta - Tu Disseste
sinto-me: telemovel
Perguntará a multidão assídua dos nossos leitores:
"- O que será feito desta rapariga que nunca mais escrevinhou nada?-"
Elementar meus caros...
Manteve-se num retiro espiritual para ver com olhos de ver que pode ser feliz...
Prespectivando que a felicidade pode nunca ser uma totalidade, mas vislumbra sempre uma possibilidade.
Digo eu... com estes olhos de gata parda...
Sábado, 28 de Abril de 2007
CLOSE TO HOME - O filme de que gostei mais até agora, mesmo sem ser o mais alegre, devido ao pano de fundo sobre o qual decorre a acção do filme. Este é um dos motivos pelos quais gostei do filme, a visualização de uma realidade diferente da nossa, que já tinha ouvido falar, já tinha visto alguma coisa nas reportagens de televisão - o excelente Henrique Cymerman periodicamente tem-nos presentado com as suas intervenções - , de jornais, mas nunca com esta proximidade e intimidade que o filme usa, mostrando-nos uma parte da vida das mulheres israelitas a cumprir serviço militar. E que estranho que é um serviço militar com horários, em que no final do dia se vai jantar e dormir a casa. E ainda se mistura a vida pessoal e amorosa, talvez porque nunca se sabe quando a morte espreita, por isso há que aproveitar todos os momentos e todas as situações.
Logo nos primeiros minutos do filme, chorei. O choque de assistir à crueza, frieza, indiferença - mesmo que na cena não haja grande crueldade - de um controlo de fronteira foi demais para mim. Depois, o resto do filme tem um tom quase que cómico, tal como "A Vida é Bela" do Benigni, talvez porque seja a melhor maneira de apresentar os acontecimentos, os sentimentos, os comportamentos, sem disfarçar as questões, os conflitos, as formas de lidar com as situações, mas tornando a experiência do espectador mais fácil de suportar.
Estranhei também o filme porque a maioria das personagens são femininas. Quase todos os soldados são mulheres e sem armas, mas é como se pegassem nas mulheres, lhes dessem uma farda e agora vão para a rua pedir a identificação às pessoas, e não se preocupem que ninguém vai protestar. Como se fosse anormal haver revolta e insurreição por termos militares arbitrariamente a pedir a nossa identificação. E claro, quando ela surge, os soldados não sabem como lidar com ela.
No fim do filme, voltei a chorar. Aqui sim, já uma cena com crueldade e violência física que é insinuada sem ser filmada.
Este foi o único filme em que deixei o meu voto e dei-lhe 5.
Quinta-feira, 26 de Abril de 2007
SUMMER '04 - Fui ver porque tem a participação de Martina Gedeck, actriz que chamou a minha atenção em "A Vida dos Outros". O filme é um bocado confuso, e agora ao ler a sinopse do site do
indielisboa, pergunto-me onde é que eles foram desencantar tanta informação? Ao filme não foi com certeza.
No filme vê-se uma familia, um conjunto de pessoas, mas não se percebe completamente a relação entre cada um deles. Só se presente um certo mal estar. E uma independência, confiança e responsabilização em relação aos adolescentes que para mim não é familiar.
Até que o filme chega a um ponto de viragem, a um ponto em que se decide a resto da história, e levamos um murro no estômago. Desta é que eu não estava à espera. E a partir daqui, já não consegui pensar bem para o resto do filme, limitei-me a ver as imagens a desfilar diante dos meu olhos, e a tentar integrar o que tinha e estava a acontecer. E para mim, a cena final ainda não encaixa com o resto do filme. Pareceu-me uma felicidade falsa, fingida. Eu não acreditei nela.
PS: como é que se pode acabar uma relação com as singelas palavras "Lamento muito. És um bom homem." e não haver a menor reacção???
Quarta-feira, 25 de Abril de 2007
Maravilhosa expressão que li hoje:
"Simples. Mas complicável."
Só por isto, já valeu a pena passar alguns minutos na livraria do cinema King enquanto esperava pelo inicio de mais uma sessão do indielisboa.
No meu estilo habitual, deixei as minhas mão e os meus olhos passearem pelas prateleiras até encontrar os livros que me diziam para pegar - poucas, muito poucas, são as vezes que este meu instinto me falhou.
Terça-feira, 24 de Abril de 2007
Music & Lyrics. Delicious. Very good film. Hugh Grant makes me laugh in the first seconds of the film - not counting the video-clip - without even telling a joke, just a few english accent words, his looks and facial expressions are enough.
Drew Barrymore also is very good with her cool and relaxed posture and permanent smile on her lips - her slight mouth assymetry is cute and differentiates her from the crowd, even when dressing down.
What more could we ask? A happy ending I hear you say? Of course you also get that, this is a film! Now run along and go watch it...
But I got to tell you - POP! went my heart... Now let me try and put it back together.
Segunda-feira, 23 de Abril de 2007
Domingo, 22 de Abril de 2007
A SCANNER DARKLY - Um filme diferente, que utiliza uma técnica de produção recorrendo à animação sobre filmagens reais, o que pode resultar a favor ou contra - por um lado permite chamar a atenção para o filme, por outro distrai um bocado o espectador do filme em si.
Fiquei atordoado no final, o filme acabou abruptamente sem grande conclusão, propositadamente, deixando em aberto o futuro dos personagens. Mas agora que já passaram umas horas posso dizer que gostei do filme, tem alguns diálogos cáusticos de humor negro na primeira metade que são de chorar a rir de tanta parvoíce junta.
Depois, o filme gira à volta de dois temas misteriosos para mim - os comportamentos desviantes e a capacidade de transfiguração em algo que não somos. O primeiro através da temática da toxicodependência, o segundo através da vida dos agentes infiltrados, que no fundo suportam viver praticando muitas vezes actos que vão contra o seu referencial de valores e de crenças. Eu não tenho esta capacidade, e no filme, o personagem principal também a perde e perde-se a si próprio.
Não cheguei a votar neste filme, trouxe o cartão comigo como recordação, mas se votasse acho que dava 4,5 porque acabou por não terminar como eu queria, não teve um final feliz, ou por outra, até pode ter um final feliz, mas não dentro da película, apenas dentro da nossa cabeça.
Sábado, 21 de Abril de 2007
Já começou o "
indielisboa 2007 - 4º festival internacional de cinema independente".
Eu, pela primeira vez, fui a uma sessão. E vou assistir a umas quantas mais ainda. Vou aqui deixar a minha impressão relativamente aos filmes a que assistir.
E o primeiro foi este
Wild Life, englobado na retrospectiva dedicada a Shinji Aoyama. É um filme confuso, é fácil perdermos-nos na história na primeira metade, simplesmente porque o que vemos são fragmentos separados no espaço e no tempo da mesma história, que só se começa a conjugar lá mais para o fim. É no fundo uma história de amor e daquilo que fazemos na vida por sua causa - até mesmo transcendermos-nos e mudar as nossas rotinas.
Três coisas chamaram a minha atenção. Em primeiro lugar, o aspecto pouco urbano e mecânico da cidade de pano de fundo, com bastantes lugares desertos sem movimento e vegetação. Em segundo, parece que os yakuzas se reconhecem a milhas - são os tipos mal vestidos saidos directamente de um mau video-clip dos anos 80 ou então de um voo acabado de chegar do hawaii. E por último, a sensação de identificação com uma boa parte das casas destes personagens, com um aspecto e hábitos muito ocidentais - ou pelo menos surpreendeu-me que seja parecido, porque estava à espera de algo mais contrastante.
É um filme divertido com alguma piada. Eu gostei de ver. Esta frase resumo que encontrei -
"Wild Life is a perfect feel-good film, that leaves a good taste in your mouth." - expressa bastante bem o que eu senti, também eu sai do cinema a sentir-me melhor do que quando entrei.
Uma nota negativa para as condições de exibição do filme, com um bom bocado da imagem do inicio do filme aos saltos - já me estava a sentir tontos de tanto mexer os olhos para cima e para baixo a tentar acompanhar a imagem - e com muitas falhas nas legendas portuguesas, o que acabou por não ser grave para mim, que me segui pelas inglesas, mas cada vez que olhava para as portuguesas, havia muitas dificuldades de tradução, ou apresentando vários significado alternativos ou simplesmente falhando e não aparecendo nada. Acho que devem ter traduzido à pressa do japonês original, o que acabou por dificultar a tarefa.
Terça-feira, 17 de Abril de 2007
The Keys to Your Heart |
You are attracted to those who are unbridled, untrammeled, and free.
In love, you feel the most alive when your partner is patient and never willing to give up on you.
You'd like to your lover to think you are stylish and alluring.
You would be forced to break up with someone who was emotional, moody, and difficult to please.
Your ideal relationship is lasting. You want a relationship that looks to the future... one you can grow with.
Your risk of cheating is zero. You care about society and morality. You would never break a commitment.
You think of marriage as something precious. You'll treasure marriage and treat it as sacred.
In this moment, you think of love as something you thirst for. You'll do anything for love, but you won't fall for it easily. |
sinto-me: à espera
música: Clã - Lado Esquerdo
Sábado, 14 de Abril de 2007
Para mim, que já nasci depois de 1974, a vida e a sociedade portuguesa antes desse ano é um vazio na minha memória, não existe. Por outro lado, também nunca procurei preenche-lo com grandes investigações e os portugueses foram à sua vida sem grande esforço de recordar e manter uma consciência colectiva do que foram esses anos. As comemorações do 25 de Abril são apenas mais um dia feriado e uma parada com discursos aborrecidos que já ninguém tem paciência para ouvir.
Mas a verdade é que recentemente Salazar parece estar na moda, como diz o José de Pina, é o Salazar-chic. E sem saber bem porquê, isso não é uma coisa boa. Ou melhor, na verdade eu até sei porquê, mas é apenas uma questão de sensibilidade e intuição, de suspeitas, de imaginação, de dedução lógica, não é conhecimento de causa.
O lançamento do livro
"Por Teu Livre Pensamento", com texto de Rui Daniel Galiza e fotografias de João Pina, parece vir no momento certo dar resposta a este dilema. E quanto mais lia a reportagem no jornal, mais vontade tinha de o ler. Tanto que lá mais para o fim do texto, soltei umas quantas lágrimas de revolta, de angústia, de olhar para as fotografias destas pessoas que se hoje passassem por mim na rua seriam apenas mais uns vultos sem nunca imaginar aquilo por que passaram.
Ainda sem ter lido, recomendo a sua leitura a todos os que como eu não sabem o que isso foi. E uma boa máquina publicitária nunca deverá ser suficiente para nos venderem ou justificar um mau produto - Nacionalismo é parvoíce.
"Quando dorme fora de casa, Albertina Diogo não deixa um único objecto pessoal fora dos sacos plásticos. Da clandestinidade ficou-lhe o hábito. O gesto mecânico que antecipa a possibilidade de uma fuga discreta e rápida."
"Neste livro concebido a pensar na memória destes velhos resistentes mas também nos leitores mais jovens contem-se as histórias de 25 ex-presos políticos de Salazar. Homens e mulheres (...) que prescindiram do quotidiano para lutarem por aquilo em que acreditavam (...)"
Domingo, 8 de Abril de 2007
Da série «Poesia numa hora destas?!»
Me disseram «cuidado».
Que não viesse prò seu lado.
Que «essa mulher é um abismo».
Mas quando eu cismo, eu cismo.
E aqui você me tem.
E até agora, tudo beeeeeeeeeeeeeeeeeem!
Luís Fernando Veríssimo in Expresso 6 Abril 2007
(meu escritor brasileiro favorito)
Terça-feira, 3 de Abril de 2007
Não sei se isto de ser chamado por um nome carinhoso é bom ou mau, tendo em conta o que me calhou na rifa - não sou pequeno, não sou avarento, não sou magro. Quer isto dizer que sou mexeriqueiro? Não, acho que não, tenho simplesmente este ar simpático que dá vontade de pegar...
fuinha do Lat. fagina, de faia
s. f., Zool.,
pequeno animal carnívoro;
fuinho;
s. 2 gén.,
pessoa avarenta;
pessoa magra ou mexeriqueira.
Segunda-feira, 2 de Abril de 2007
"E o homem aplicou a ciência e modificou o universo em seu beneficio (às vezes egoísta). E daqui resultaram, por vezes, grandes danos. Mas as forças da Natureza continuam avassaladoras. A solução passa por melhor engenharia."
Curiosa frase com que somos confrontados logo na entrada da exposição. Por um lado, o homem modificou o universo em seu beneficio e o resultado são por vezes grandes danos. Por outro lado, a solução para todos os problemas passa por melhor engenharia, ou seja, a modificação do universo em beneficio do homem - que por vezes origina grandes danos. Preso por ter cão e preso por não ter cão.
A exposição é engraçada, achei talvez um pouco grande, com muitas fotografias, cobrindo as forças da natureza e muitas das áreas em que é aplicado o engenho humano - incluindo uma secção dedicada à engenharia social.
Esta foi umas das fotografias que mais me atraiu, pelo engenho e simplicidade do mecanismo fotografado - uma manivela que faz rodar uma engrenagem - e pelas semelhanças com uma forma humana. Quanto tempo até ao surgimento de autómatos ao estilo de Asimov?
Hiroshi Sugimoto - Mechanical Form #0026
O que me custou mais foi ver duas fotografias, uma com as torres gémeas de New York em fundo e a outra do ground zero. Talvez por ter visto em directo pela televisão todo o desenrolar dos acontecimentos do 11 de Setembro, este é um momento marcante para mim, que consegue arrancar-me umas lágrimas que outras fotografias tanto ou mais chocantes não conseguem. Nem consegui ver mais do que uns minutos do Fahenheit 9/11.
música: The Gathering - Probably Built In The Fifties
sinto-me: O possivel para uma segunda
Domingo, 1 de Abril de 2007
Como se pode ver nesta foto, fica provado sem margem para dúvidas que as imagens da caminhada na lua foram forjadas. Neste momento recolhido nos bastidores das filmagens podemos ver que o catering foi fornecido pela McDonald's.
1 de Abril de 2007 - Dia das Mentiras