Sábado, 23 de Dezembro de 2006
"If man's construction should appear of marvellous artifice, remember that it is nothing compared to the soul that inhabits such architecture, and truly, be it what it may, it is a divine thing."
"Among all the studies of natural causes and reasons, light most delights its contemplators; among the great things of mathematics, the certainty of its demonstrations most illustruously elevates the minds of its investigators."
Estas são frases retiradas das projecções presentes na exposição dedicada a Leonardo da Vinci no Victoria and Albert Museum em Londres. É uma exposição simples, uma sala pequena, talvez uns 5 por 10 metros, com expositores contendo páginas dos seus diários.
Contudo, esta simplicidade desarmante não evita que tenha sentido uma profunda admiração e extase ao entrar naquela sala e ver ao vivo e a cores - bem, não muitas cores, que é tudo rascunhos a tinta - textos e desenhos com 500 anos. Provavelmente não havia ali nada de novo, nada que não possa ser consultado através da internet, mas a visão efectiva de uma coisa altera completamente a minha percepção dela. Fiquei maravilhado e percebia-se que não era o único.
É curioso a forma como Leonardo rabiscava os seus cadernos, a mistura de ideias e conceitos na mesma página, como começava por desenhar e escrever sobre uma coisa e quando se dá por ela, já está a relacionar isso com outra ideia. Por exemplo, o desenho da cabeça de um cavalo com os seus dentes à mostra em que depois ainda inclui a cabeça de um leão e depois mais em baixo na folha a cabeça de um ser humano - tudo isto porque provavelmente os achou as suas expressões parecidas ou comparáveis. Ou os desenhos de cursos de água que eram feitos com recurso a formas e linhas iguais às do desenho de cabelos. Outro desenho é um estudo para uma escada em caracol com corrimão incorporado que me fez lembrar a forma das hélices do ADN.
A excelência do traço e do sombreado que Leonardo usava nos seus desenhos é assombrosa. Todos tem uma expressão, um movimento, uma energia espantosa. E isto em folhas de diários, não são propriamente desenhos cuidadosamente preparados e elaborados.
No fim, ainda me virei mais alguns segundos para a sala e custou-me um bocado a sair. Senti que havia ali qualquer coisa de especial.
Não conheço grande coisa sobre a vida de Leonardo da Vinci. Sei alguns factos básicos, mas é tudo um bocado desconexo e solto. Não sou capaz de resumir os seus feitos numas quantas palavras. Se me contarem qualquer coisa que tenha feito até sou capaz de me lembrar que o sabia, mas à partida não seria capaz de me lembrar.
Tudo isto não me impediu de ver esta exposição e de me sentir privilegiado por lá ter estado, sinto que agora sei mais sobre este homem, este génio. Facto curioso que descobri agora, Leonardo era canhoto.
sinto-me: constipado
música: Simon V feat. Shoot the Kitten - Where are you going
De
anatcat a 29 de Dezembro de 2006 às 15:01
vmfl:
o que descreves faz-me apetecer apanhar um avião directo a Londres e depois um taxi directo ao Victoria and Albert Museum, caminhar até e por esta exposição... e depois tragá-la como o cigarro que finalizaria o chá das 17h.
bjs
Comentar: