CLOSE TO HOME - O filme de que gostei mais até agora, mesmo sem ser o mais alegre, devido ao pano de fundo sobre o qual decorre a acção do filme. Este é um dos motivos pelos quais gostei do filme, a visualização de uma realidade diferente da nossa, que já tinha ouvido falar, já tinha visto alguma coisa nas reportagens de televisão - o excelente Henrique Cymerman periodicamente tem-nos presentado com as suas intervenções - , de jornais, mas nunca com esta proximidade e intimidade que o filme usa, mostrando-nos uma parte da vida das mulheres israelitas a cumprir serviço militar. E que estranho que é um serviço militar com horários, em que no final do dia se vai jantar e dormir a casa. E ainda se mistura a vida pessoal e amorosa, talvez porque nunca se sabe quando a morte espreita, por isso há que aproveitar todos os momentos e todas as situações.
Logo nos primeiros minutos do filme, chorei. O choque de assistir à crueza, frieza, indiferença - mesmo que na cena não haja grande crueldade - de um controlo de fronteira foi demais para mim. Depois, o resto do filme tem um tom quase que cómico, tal como "A Vida é Bela" do Benigni, talvez porque seja a melhor maneira de apresentar os acontecimentos, os sentimentos, os comportamentos, sem disfarçar as questões, os conflitos, as formas de lidar com as situações, mas tornando a experiência do espectador mais fácil de suportar.
Estranhei também o filme porque a maioria das personagens são femininas. Quase todos os soldados são mulheres e sem armas, mas é como se pegassem nas mulheres, lhes dessem uma farda e agora vão para a rua pedir a identificação às pessoas, e não se preocupem que ninguém vai protestar. Como se fosse anormal haver revolta e insurreição por termos militares arbitrariamente a pedir a nossa identificação. E claro, quando ela surge, os soldados não sabem como lidar com ela.
No fim do filme, voltei a chorar. Aqui sim, já uma cena com crueldade e violência física que é insinuada sem ser filmada.
Este foi o único filme em que deixei o meu voto e dei-lhe 5.